Aliado de Trump é reeleito presidente da Câmara dos EUA e aponta reforço nas fronteiras como prioridade
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O presidente da Câmara, Mike Johnson, conversa com o deputado republicano Andy Ogles, em busca de votos para garantir a reeleição. - Win Mcnamee -3.jan.2025/AFP/Getty Images via AFP
Apoiado por Donald Trump, o republicano Mike Johnson foi reeleito presidente da Câmara dos Estados Unidos na sexta-feira (3) após enfrentar resistências no próprio partido e quase perder a primeira votação na Casa. Ele ganhou depois que o próprio Trump ligou e convenceu deputados a mudarem de ideia e apoiarem seu aliado.
No primeiro discurso após a vitória, Johnson ressaltou que trabalhará para aprovar a agenda prometida pelo presidente eleito na campanha. O deputado apontou a defesa das fronteiras como sua “prioridade número um” à frente da Câmara.
“Em coordenação com o presidente Trump, este Congresso dará aos nossos agentes de fronteira e imigração os recursos de que precisam para fazer o seu trabalho,” apontou. “Vamos deportar alienígenas ilegais perigosos e criminosos e finalmente terminar de construir o muro na fronteira.”.
Johnson ainda disse que atuará para cortar impostos e rever políticas do presidente Joe Biden que incentivam a energia limpa para que os EUA invistam em outras frentes, como combustíveis fósseis.
O discurso ocorreu no mesmo dia em que o 119º Congresso dos EUA tomou posse. Eleito junto com Trump no dia 5 de novembro de 2024, os republicanos tem maioria nas duas Casas do Legislativo.
Na Câmara, são 219 deputados republicanos, só um a mais que a maioria de 218 membros —o partido saiu das eleições com 220 deputados eleitos, mas um deles, Matt Gaetz, renunciou após ser nomeado secretário da Justiça por Trump.
Mike Johnson conquistou 218 dos 434 votos dos deputados após uma votação tensa. Ele teve de virar dois votos de congressistas do próprio partido, que inicialmente votaram contra ele. Além disso, seis deputados demoraram a votar, em um sinal de resistência a Johnson.
Esses parlamentares fazem parte de uma ala mais à direita do partido, chamada “Freedom Caucus” (Caucus da LIberdade), e divulgaram uma carta com afirmando que tem “reservas” em relação a Jonhson e só votaram nele por conta do “firme apoio” a Trump e para garantir que ele seja confirmado na segunda-feira (6).
Caso a Câmara não conseguisse eleger um presidente na sexta (3), a certificação da vitória de Trump —em que o Congresso conta e valida os votos do Colégio Eleitoral— teria de ser adiada. Em 2023, a Câmara demorou vários dias para eleger seu líder.
Além dos que demoraram a votar, na primeira rodada da votação, os republicanos Keith Self, do Texas, e Ralph Norman, da Carolina do Sul, votaram contra Johnson. Mais de 10 minutos depois, os dois mudaram de ideia e alteraram a posição. Os dois que voltaram atrás no voto afirmaram que receberam ligações de Trump pedindo que votassem a favor de Jonhson.
Em entrevistas, Norman disse que o presidente eleito da República perguntou a ele o que seria necessário para um acordo para votar pelo republicano.
“Eu disse, ‘Senhor Presidente, nós só queremos que Mike Johnson te apoie para que você possa fazer o seu acordo; para que você consiga tudo o que quer. Ele disse, ‘Eu entendo. Mike é o único que pode ser eleito'”, disse ao New York Times.
O único que se manteve contra a reeleição do deputado foi Thomas Massie, de Kentucky. Outros 215 votaram no democrata Hakeem Jeffries. O resultado na Câmara mostra como a maioria na Casa é apertada e que poderá ser um desafio para Johnson conseguir aprovar projetos de interesse de Trump com grande facilidade.
Ainda assim, Johnson reforçou as prioridades do presidente eleito. “Eu liderarei os republicanos da Câmara para reduzir o tamanho e o alcance do governo federal, responsabilizar a burocracia e levar os Estados Unidos a uma trajetória fiscal mais sustentável”, afirmou Johnson.
Johnson ainda afirmou que criou um grupo para atuar junto com Elon Musk e Vivek Ramaswamy no departamento que será responsável por propor corte de gastos e enxugamento do governo.
Ele também minimizou as divergências no partido. “Não diz nada, é parte do processo”, afirmou ao ser questionado antes da votação.
Em um post nas redes sociais, Trump comemorou a eleição de Johnson. “Mike será um grande presidente da Câmara, e nosso país será o beneficiário,” escreveu Trump.
Já no Senado, os republicanos têm 52 senadores contra 45 dos democratas, além de dois independentes que votam com a oposição.O senador Marco Rubio também foi eleito, mas renunciou para assumir como o Secretário de Estado de Trump.
Entre os senadores, o republicano John Thune, que lidera o partido, foi eleito o líder da maioria. O presidente do Senado é, segundo a Constituição, o vice-presidente da República, neste caso JD Vance, eleito com Trump, mas ele só vota em casos de empate e participa de cerimônias simbólicas. Na prática, quem definirá a pauta será Thune.
Na sexta (3), coube à vice-presidente Kamala Harris, derrotada para Trump, conduzir o juramento do novo Senado. Ela ficou frente a frente com Vance, que é senador, mas abrirá mão do cargo para assumir ao lado de Trump na Casa Branca.
Junto com a vitória republicana, o controle do Legislativo por homens brancos mais velhos se aprofundou: considerando o número total de 435 deputados na Câmara dos Representantes e 100 membros do Senado, 74% do Congresso americano agora é composto por pessoas brancas.
Isso representa um ligeiro aumento em comparação com a composição das Casas em 2023 e 2024 —eram 383, e agora são 393, de acordo com uma pesquisa da Universidade Rutgers, de Nova Jersey, e com dados oficiais