Cliente expulso de padaria de SP por usar notebook é preso em operação contra suspeita de fraude de criptomoedas

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Empresário Allan Barros, preso em operação que investiga suspeita de fraude com criptomoedas — Foto: Reprodução/Redes sociais

Por Joana Caldas, Dagmara Spautz

Um dos presos temporariamente na operação Fast, da Polícia Federal, contra uma suspeita de fraude em criptomoedas, é o cliente que foi expulso de uma padaria em Barueri, em São Paulo, por usar notebook e a rede wi-fi do estabelecimento. O grupo investigado era sediado em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina.

O empresário Allan Barros foi preso em Curitiba. A defesa de Barros e da empresa Unimetaverso Gestão de Ativos Digitais e Marketing LTDA., disse em nota que o “cliente e sua empresa nunca foram objeto de processos por parte de investidores”, diz o advogado Leonardo Dechatnik. Veja íntegra da nota abaixo.

Com a operação, deflagrada na terça-feira (27), a PF busca desmobilizar uma associação criminosa investigada por aplicar golpes ao sistema financeiro através de criptomoedas e NFTs (Tokens Não-Fungíveis).

Operação

A PF estima que as vítimas podem chegar a 20 mil no Brasil e no exterior que perderam, ao todo, aproximadamente R$ 100 milhões.

Batizada de Fast, a ação mira o grupo sediado desde 2022 em Balneário Camboriú. A PF detalhou que os golpes partiam da mesma premissa: oferta de uma criptomoeda desenvolvida por eles mesmos e que prometia lucros acima do mercado a partir de parcerias com empresas.

Para dar credibilidade ao negócio e captar novas vítimas, o lançamento da nova moeda foi promovido em uma feira de criptoativos em Dubai.

Operação Fast: carro de luxo apreendido durante diligências — Foto: Polícia Federal/Divulgação
Operação Fast: carro de luxo apreendido durante diligências — Foto: Polícia Federal/Divulgação

“Trata-se de um golpe. Essa criptomoeda existe, mas as pessoas não conseguem negociá-las. O banco digital prometeu cartões, prometeu operar com uma instituição financeira, porém nada disso funciona, as pessoas colocam o criptoativo dentro desse banco, elas não conseguem movimentar”, detalhou o delegado Maurício Todeschini.

A partir do não cumprimento dos altos lucros, as vítimas denunciaram o caso à Polícia Federal, que através do canal oficial para recebimento e tratamento de informações sobre pirâmides financeiras, começou a investigar o caso.

Relembre a expulsão da padaria em Barueri

A Delegacia de Polícia de Barueri, na Grande São Paulo, abriu um inquérito para investigar uma tentativa de agressão ocorrida em 31 de janeiro de 2024 em uma padaria na cidade, após o dono do estabelecimento se irritar com Barros pelo uso de notebook no local.

Enquanto tentava agredir o cliente com um pedaço de madeira, o proprietário, identificado como Silvio Mazzafiori, de 65 anos, tropeçou, caiu no chão e foi contido por conhecidos.

Na sequência, ele fez uma série de ameaças a Barros, de 32 anos. A cena foi registrada pelo cliente.

O que diz a defesa de Allan Barros

Confira abaixo a nota na íntegra da defesa de Barros.

A defesa de Alan Deivid de Barros e da empresa Unimetaverso Gestão de Ativos Digitais e Marketing LTDA., representada pelo Dr. Leonardo Bueno Dechatnik, vem a público esclarecer informações a respeito da Operação Fast, na qual nosso cliente é investigado.

Desde o início das investigações, temos mantido uma postura colaborativa com as autoridades, buscando esclarecer os fatos da forma mais transparente e eficaz possível.

É importante salientar que o processo corre em segredo de justiça, o que nos impede de divulgar detalhes específicos sobre o caso neste momento. No entanto, é do interesse de nosso cliente que a verdade seja plenamente esclarecida.

Refutamos categoricamente a alegação de que nosso cliente tenha subtraído a quantia de R$ 100.000.000,00 ou que tenha prejudicado entre 5 a 22 mil pessoas. Esses números, mencionados no relatório policial, são baseados em suposições da autoridade policial, sem comprovação efetiva. Até o momento, somente um número ínfimo dessas supostas vítimas efetuou denúncias formalmente, sendo a maior parte destas ex-colaboradores e concorrentes no setor empresarial.

Nosso cliente e sua empresa nunca foram objeto de processos por parte de investidores. Ademais, no relatório policial, identifica-se o caso de um indivíduo que se passou por vítima, mas que cometeu furtos de ativos virtuais da empresa e admitiu ter hackeado a plataforma. Sua confissão foi devidamente documentada em ata notarial, que foi anexada ao Boletim de Ocorrência e à notícia-crime, apresentada à delegacia de crimes cibernéticos de Curitiba.

Quanto à alegação de que os recursos subtraídos alcançam a cifra de R$ 100.000.000,00, é questionável a metodologia usada para chegar a tal conclusão, baseada em evidências frágeis como capturas de tela de conversas em aplicativos de mensagens e comentários não verificados.

Ressaltamos que a decisão de decretar prisão preventiva parece desproporcional, considerando que o caso não envolve violência ou grave ameaça, e que existem medidas cautelares mais adequadas para assegurar o andamento do processo. Alan Deivid de Barros, réu primário, profissional dedicado, não representa risco à sociedade.

A defesa está atuando de maneira criteriosa no acompanhamento da operação, e medidas judiciais estão sendo adotadas para corrigir o que consideramos ser uma arbitrariedade.

Estamos comprometidos em demonstrar a inocência de nosso cliente e esclarecer os fatos, sempre respeitando o processo legal e colaborando com as autoridades para a justa resolução deste caso.

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