Hugo Motta e o inexorável curso da política na Paraíba

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Hugo Motta. Foto: Reprodução

Três pontos da entrevista do deputado federal Hugo Motta (Republicanos) ao programa Tambaú Debate (TV Tambaú), na sexta-feira (18), merecem atenção. Um deles é o de que, depois de 12 anos de atuação em Brasília, o parlamentar se autodefine como um político de centro. A definição teria sido fruto da observação dos muitos embates políticos nacionais nos últimos anos de onde teria extraído a certeza que a melhor solução para os problemas não está no radicalismo nem nos extremos.

Num momento, defendendo que o país precisa investir no combate à pobreza, em educação e saúde e criticando o envolvimento da política nas pautas de costume, que seriam da alçada exclusivamente individual, pareceu até que Hugo Motta iria se inclinar para o campo da centro-esquerda no espectro político brasileiro, mas acabou verbalizando se situar na corrente centro-direita.

Por que esse detalhe merece atenção? A posição é indicativa de que Hugo não se associará à oposição barulhenta ao governo Lula, preferindo se anunciar independente, que deverá ser a posição do Republicanos, mas admitindo diálogo até para integrar o governo, dependendo de convite, proposta e propósito. Sinaliza também que, do ponto de vista pessoal, Hugo Motta deverá militar no centro político, apostando no fim da polarização e do radicalismo, que, efetivamente, pode ser o caminho da política nacional.

Outro ponto diz respeito à visão sobre os partidos políticos com atuação na Paraíba. Para Hugo Motta, já tem partido familiar demais e seria o momento de valorizar a legenda de militância política mais ampla, reunindo e sempre priorizando o diálogo com as várias correntes. Essa visão já teria sido adotada na hora da decisão de deixar os quadros do MDB e optar pela filiação ao Republicanos. Em 2020, a sigla já elegeu 18 prefeitos e, agora, a maior bancada federal e maior bancada estadual.

A ideia é construir um partido com a participação dos deputados federais e estaduais, prefeitos e lideranças municipais nas decisões da legenda, sem as surpresas de intervenção, mudanças de comissões provisórias de última hora e imposições de candidatos em períodos eleitorais.

A sinalização é de que Hugo já percebeu que o modelo partidário familiar adotado na Paraíba não gera confiança nas relações entre partidos e com a sociedade e que um relacionamento mais confiável pode gerar e consolidar uma grande força política no Estado. A recente eleição deu provas que existe acerto na articulação do Republicanos.

O terceiro ponto é o referente ao projeto pessoal e partidário de Hugo Motta. Parece haver certeza do protagonismo do Republicanos, com ele à frente, e já para 2026. O Republicanos quer vaga na chapa majoritária (governador ou senador), tendo consciência de que o plano precisa ser consolidado nas eleições municipais de 2024.

Nesse ponto, o que se revela é um político experiente, apesar de contar apenas 33 anos. Hugo não revela mais a pressa da juventude. Talvez porque esteja fazendo uma leitura bastante clara do momento político do Estado, aberto para um exorável processo de renovação geracional. Assim, talvez seja preciso apenas seguir o curso favorável.

Pode-se achar que Hugo, por conta da juventude, poderia ser mais progressista, ou criticá-lo por suas antigas relações com a cúpula nacional do MDB, com destaque aí para o ex-presidente Michel Temer e Eduardo Cunha, mas não se pode dizer que ele não tenha a exata noção do que precisa fazer para se transformar num protagonista da política da Paraíba nos próximos anos, muito provavelmente com o exercício da função de governador em seu signo.

Por T5

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