Lula inaugura na sexta (13) obra no antigo Comperj, alvo da Operação Lava Jato

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Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta sexta-feira (13) de inauguração de unidade de tratamento de gás natural na área do antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), um dos símbolos do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

A obra faz parte de um sistema de escoamento de gás do pré-sal considerando fundamental para ampliar a oferta do combustível no país, uma das bandeiras do governo que esteve no centro da crise que derrubou o ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Petrobras inicia processo de contratação para retomada de obras do Polo GasLub, antigo Comperj; foto aérea mostra instalações da refinaria, com chaminés ao fundo
Instalações do antigo Comperj, hoje Polo GasLub, que tiveram obras suspensas em 2015. – Agência Petrobras

O sistema tem capacidade total para transportar até 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia, o equivalente a um terço da demanda nacional atual, mas começou a operar esta semana com metade dessa capacidade.

A entrega do combustível ao mercado, porém, só deve ocorrer em outubro. Em um primeiro momento, a Petrobras deve substituir importações de gás e, depois, buscar novos clientes para os volumes adicionais que chegarão ao continente.

O gás será transportado das plataformas de produção por um novo gasoduto chamado Rota 3, que liga a região onde estão os principais campos do pré-sal a Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O projeto estava previsto inicialmente para 2017, mas só entrou em operação neste mês.

O governo espera que a obra reduza a injeção de gás em reservatórios do pré-sal e alavanque o mercado consumidor do combustível —essencial para indústrias química, de fertilizantes e de vidros, por exemplo.

Executivos do setor acreditam em aumento da oferta de gás, embora a Petrobras e seus sócios prefiram injetar parte da produção do pré-sal nos reservatórios para impulsionar a extração de petróleo. Mas a oferta a menor preço, como quer o governo, dependeria de alterações na política comercial da empresa.

Para o diretor sênior da A&M Infra, Rivaldo Moreira Neto, o novo gás ajuda a Petrobras a reduzir importações e conseguir maior competitividade para disputar grandes clientes. “Mas, por outro lado, não muda o eixo de concentração do setor. Pelo contrário, amplia essa concentração”, pondera.

O sistema de gás é a primeira obra inaugurada na área do Comperj, projeto pensado durante os primeiros governos Lula para abrigar uma refinaria e um complexo petroquímico, mas paralisado após o início da operação Lava Jato.

O Comperj foi um dos pontos centrais da delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e segundo a última atualização do TCU, (Tribunal de Contas da União), feita em 2022, acumula prejuízos de US$ 14 bilhões (quase R$ 80 bilhões, pela cotação atual).

Foi rebatizado de Polo GasLub no governo Jair Bolsonaro (PL), que desidratou o projeto inicial, mantendo apenas o sistema de gás e uma fábrica de lubrificantes. Agora, passará a se chamar Complexo de Energias Boaventura. Com a chegada de Lula à presidência, a Petrobras decidiu retomar as obras na refinaria, como foco na produção de diesel.

Estuda também a instalação de uma usina termelétrica no local, para aproveitar o gás natural, mas o investimento depende de leilões do governo para contratação de capacidade de geração de energia.

 

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