Relação Milei-Lula pode reeditar tensão Bolsonaro-Fernández; diplomacia aposta no pragmatismo

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Javier Milei. foto: reprodução

Por Camila Bomfim

Integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) veem na eleição de Javier Milei, na Argentina, um futuro já “precificado” e que pode repetir um passado recente: a reedição do distanciamento e da tensão que marcaram a relação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ainda presidente Alberto Fernández.

Peronista e vinculado à esquerda argentina, Fernández assumiu a Casa Rosada em dezembro de 2019. Bolsonaro não foi à cerimônia, marcando a primeira ausência de um presidente brasileiro em uma posse presidencial argentina desde 2003.

O assessor internacional de Lula, Celso Amorim, disse, na segunda-feira (20), que o presidente brasileiro provavelmente não irá à posse de Milei, marcada para 10 de dezembro.

Quando candidato, Milei insultou Lula. No domingo (19), em uma rede social, Lula reconheceu o resultado da eleição argentina sem citar o nome do vencedor.

“Sobrevivemos ao Bolsonaro-Fernández, sobreviveremos a isso se a tensão se repetir”, afirmou um diplomata para esta reportagem sobre a tensão esperada.

Integrantes do governo dizem que, como candidato, Milei passou do ponto. E agora, é preciso ver como se comportará o “presidente Milei”.

Sobre o Mercosul, por exemplo, a diplomacia brasileira avalia que qualquer ideia de acabar com o bloco e descumprir um tratado sofrerá resistência. E que a ideia pode ficar limitada ao discurso de campanha.

Os diplomatas ouvidos pela reportagem avaliam, ainda, que há uma rede de interesses que pode frear o avanço dessa proposta disruptiva. Lembram, por exemplo, que o Uruguai já ameaçou deixar o Mercosul em outros momentos – mas nunca o fez efetivamente.

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