Rússia intensifica ataques na Ucrânia às vésperas da decisão da União Europeia
A Rússia intensificou os ataques contra as regiões de Kharkiv e Donetsk, no nordeste e leste da Ucrânia, nesta segunda-feira (20).
Os 27 países da União Europeia discutem a candidatura da Ucrânia ao bloco em poucos dias. Esta semana deve ser de intensa atividade em torno da possibilidade de adesão da Ucrânia.
Os países se reúnem na quinta e sexta-feira para decidir se o país pode receber o status de candidato a membro do bloco, decisão que deve ser tomada por unanimidade.
Nesta segunda-feira “começa uma semana realmente histórica”, afirmou Zelensky no domingo em seu discurso diário.
Discussões “construtivas”
A Turquia deu um novo golpe nas esperanças da Finlândia e da Suécia de aderirem em breve à Otan, ao afirmar que a cúpula da Aliança da próxima semana em Madri não garante um prazo para decidir sobre esses pedidos.
O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que as negociações entre Turquia, Suécia e Finlândia em Bruxelas foram “construtivas” mas admitiu que a Turquia tem “preocupações legítimas”.
A Turquia acusa os dois países nórdicos de abrigar militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como “terrorista” pela Turquia e seus aliados ocidentais.
Um retorno ao carvão
A Rússia usa seus hidrocarbonetos como arma e cortou o fluxo de gás para vários países da União Europeia na semana passada.
As exportações russas de petróleo para a China aumentaram 55% em maio, em comparação com o ano passado.
Em uma tentativa de reduzir a dependência da Rússia e para reduzir o consumo de gás, a Alemanha recorrerá às usinas de carvão.
“É amargo, mas é indispensável”, disse o ministro da Economia, o ambientalista Robert Habeck. O governo disse nesta segunda-feira que essa medida é limitada e que a promessa de abandonar o carvão antes de 2030 será cumprida.
A Áustria também anunciou no fim de semana a reativação de uma usina de carvão fechada em 2020.
Preço dos alimentos
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que a Rússia está cometendo um verdadeiro crime de guerra ao bloquear as exportações de cereais e grãos ucranianos.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de fazer a África de “refém” ao bloquear as exportações de grãos.
“A África é refém de quem começou a guerra contra nosso Estado”, disse o presidente ucraniano em um discurso por videoconferência diante da União Africana, lamentando que o nível injusto dos preços dos alimentos “provocado pela guerra russa está sendo notado dolorosamente em todos os continentes”.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zajarova, afirmou que a possibilidade de fome “é culpa dos regimes ocidentais, que atuam como provocadores e destrutores”.
Há temores relativos aos preços dos alimentos por causa da invasão.
A Alemanha organiza na sexta-feira uma reunião internacional sobre o assunto, que contará com a participação do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.
Exército resiste
“Obviamente esperamos que a Rússia intensifique seus ataques esta semana. Nosso exército resiste”, afirmou o presidente ucraniano.
Em seu relatório matinal, a Presidência da Ucrânia informou que há um aumento dos bombardeios na região de Kharkiv e dos ataques “em toda a linha do fronte” em Donetsk, no leste, onde foi registrado um morto e sete feridos.
No Donbass, a cidade de Severodonetsk concentrou a ofensiva para assumir toda esta bacia de mineração oriental, parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia desde 2014.
Os russos controlam a maioria dos bairros residenciais de Severodonetsk, mas se toda a cidade for contabilizada, mais de um terço ainda é controlado pelas forças armadas russas, disse o chefe da administração municipal, Oleksandr Striuk.
Serguei Gaidai, governador de Luhansk, uma das regiões que compõem o Donbass, confirmou na televisão a queda no controle russo de Metiolkine, na periferia de Severodonetsk.
No fronte sul, o exército ucraniano afirma que as forças russas “não conseguem avançar no terreno” e apenas continuam com os bombardeios.
Rússia diz que ucranianos atacaram plataforma de petróleo
Por sua vez, a Rússia acusou as forças ucranianas de terem atacado plataformas de perfuração de petróleo no mar da península da Crimeia.
“Nesta manhã, o inimigo atacou as plataformas de perfuração da Chernomorneftegaz”, indicou no Telegram o governador da região, Serguey Aksyonov, nomeado pela Rússia após a anexação da Criema em 2014. “Confirmamos que há três feridos e sete desaparecidos e garantimos que a busca continua”, acrescentou.
Restrições hostis
As consequências da guerra continuaram sendo notadas mais além das fronteiras da Ucrânia. A Rússia ameaça a Lituânia, membro da União Europeia, por suas restrições “abertamente hostis” ao trânsito de mercadorias por ferrovia até o enclave russo de Kaliningrado.
O Ministério russo de Relações Exteriores afirmou que, caso o trânsito de bens entre Kaliningrado e o resto do país não seja totalmente restabelecido, o governo russo “reserva o direito de agir para defender seus direitos nacionais”.
Tanto a Lituânia como o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmaram que a medida se ajusta às sanções ordenadas pela União Europeia contra Moscou.
O presidente americano, Joe Biden, disse que é “improvável” que visite a Ucrânia durante a viagem que fará pela Europa no final dessa semana.