Apartamento de dois quartos e carro de 2015: a vida simples do herdeiro de Steve Ballmer, bilionário e ex-CEO da Microsoft

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Pete Ballmer, filho de Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft — Foto: Divulgação

É natural de se esperar que o filho de uma figura bilionária tenha um estilo de vida luxuoso. Mas esta não é a realidade do comediante Pete Ballmer, de 29 anos. Ele é um dos três herdeiros de Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft – que tem uma fortuna estimada em US$ 124,5 bilhões, de acordo com a Forbes – e leva uma vida bem simples. Pete mora num apartamento de dois quartos com a namorada e dirige um Ford Focus modelo 2015.

Em uma entrevista ao site Business Insider, ele contou como foi crescer em meio a tanta riqueza e, ao mesmo tempo, ter uma educação que o fez ser modesto e, apesar dos privilégios, nunca gastar dinheiro à toa – e até ter certa vergonha por ser rico.

“Moro em um apartamento de dois quartos e um banheiro com minha namorada e é perfeito para nossos propósitos; não é maior do que deveria ser. (…) Dirijo um Ford Focus 2015 que meus pais compraram para meu irmão mais novo”, disse Pete.

Num retrospecto sobre sua história, Pete avalia que existem diferentes formas de abordar a riqueza quando se nasce no meio dela. Há quem o veja como desonesto ao ter tido vergonha de ser rico e ter minimizado isso durante seu desenvolvimento pessoal. Mas ele prefere entender as pessoas sob uma perspectiva muito mais vasta do que a soma de onde cresceram:

“Um outro grupo de crianças super-ricas não tem vergonha disso e vai ostentar dinheiro e pedir aos pais uma Range Rover quando adultos. Eu não gosto muito dessa abordagem. Acho que é melhor se estabelecer e tentar ser você mesmo, independentemente do dinheiro”, disse ele.

Sem presentes caros e exageros

Pete contou que, durante a infância, percebeu “indícios” de que sua família era rica durante as viagens que faziam. Mas seus pais não falavam muito sobre o assunto. Os presentes Natal não eram mais caros do que o da maioria das outras crianças de classe média no seu entorno.

“Comprei o novo Gameboy um ano e, no ensino médio, pedi um banco e um conjunto de pesos. Outro ano, meus pais nos deram uma mesa de pingue-pongue que montamos no porão. (…) Meus pais tinham uma atitude de ‘crianças ricas são demais e não gostamos disso'”, contou ele.

‘Seja esperto sobre como você gasta seu dinheiro’

Segundo Pete, seus pais sempre tiveram uma abordagem cautelosa quando o assunto era dinheiro. A premissa, no geral, era: “se for algo de que você realmente precisa, podemos comprar”.

“Ambos odiavam ver compras estúpidas ou desnecessárias sendo feitas, então a regra implícita era não desperdiçar; seja esperto sobre como você gasta seu dinheiro”, afirmou.

Mesada de US$ 10 por semana

No ensino fundamental, Pete recebia uma mesada de US$ 10 por semana. Foi nessa época que ele começou a querer coisas mais caras, como um telefone Palm Pre. Seus pais concordaram em pagar pelo plano, mas ele teria de comprar o aparelho.

Ele então trabalhou como caddie em um campo de golpe para ter dinheiro pra comprar o telefone. Um tempo mais tarde, abriu uma firma de paisagismo com os amigos e fez estágios em empresas de engenharia de software durante o ensino médio e a faculdade – sem contatos do pai.

Herança aos 25

Ele recebeu uma herança do avô aos 25 anos, após terminar a faculdade. Mas Pete conta que nunca pensou em não ter emprego e quis buscar uma carreira independente. “Eu me tornei gerente de produto em uma empresa de desenvolvimento de jogos”, contou.

Inicialmente ele pensou até em recusar a herança, mas entendeu que seria uma ideia tola. Seu avô havia chegado à gerência intermediária da Ford e investiu o dinheiro que economizou em ações da Microsoft, que passaram a valer centenas de milhares de dólares.

Mas Pete não deixou de trabalhar e seguir o que queria. Ele começou a fazer shows de stand-up comedy enquanto trabalhava – profissão à qual passou a se dedicar em tempo integral depois de quatro anos conciliando a comédia com seu trabalho como gerente de produto. Hoje, ele faz cerca de cinco shows por semana e produz o programa “Don’t Tell Comedy”.

Sem espaço para consumismo exagerado

Ele conta que, entre o que ganhou dos investimentos herdados e o que recebe sendo comediante, seu dinheiro “permaneceu bastante estável por causa dos hábitos de consumo”. Ele não viaja na classe executiva nem tem gastos exorbitantes.

“Não faço muitas compras acima de algumas centenas de dólares. Não compro passagens aéreas de primeira classe, por exemplo, e não compro roupas novas ou caras com muita frequência. Comprei recentemente uma jaqueta nova que custou US$ 120 ou algo assim”, conta.

Pete acha vergonhoso pedir dinheiro aos pais nesta idade. “Nem meus irmãos nem eu pedimos aos meus pais uma quantia notável de dinheiro, e em momento algum nossos pais nos deram uma quantia notável de dinheiro. Pessoalmente – e sem criticar ninguém – isso seria meio patético”, disse ele.

Dinheiro não é sinônimo de felicidade

Num olhar sobre o passado, o comediante reconhece que o dinheiro pode fazer muito por uma pessoa. Por outro lado, entende que riqueza não é sinônimo de felicidade.

“Crescendo com uma vida confortável (e estando perto de pessoas que tinham vidas confortáveis), experimentei por mim mesmo e observei nos outros o fato de que você ainda pode ser infeliz apesar de ter muito dinheiro. Eu sei que poderia ter algumas coisas melhores, mas tento estar ciente da adaptação hedonista – sei que acabaria me adaptando a essas escolhas de estilo de vida e possivelmente desceria por uma ladeira escorregadia de uma vida mais opulenta, o que em última análise leva a lugar nenhum”, concluiu.

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